Canal Celta: Monasticismo Celta-Cristão

10.12.06

Monasticismo Celta-Cristão


á por volta do século IV d.C começaram surgir comunidades cristãs em maior extensão na Europa frouxamente organizadas pelos fiéis que haviam optado por levar um estilo de vida asceta dedicada a oração em lugares mais propícios para realizar um retiro espiritual na intenção de assim buscar a expiação dos seus pecados e obter a redenção pessoal.

Até então a grande maioria levava uma vida de eremita errante ( quando não peregrino por lugares santos para o cristianismo ) sobrevivendo graças a caridade alheia e daquilo que podiam retirar como sustento da Natureza , assim passando a maior parte do tempo solitário e enfrentando enormes privações enquanto procuravam uma revelação mística-transcendental que os conduzisse para mais perto de Deus.

Agora se nos primeiros tempos o deserto egípcio e redondezas no Oriente Médio eram o destino escolhido de maneira preferencial entre os primeiros místicos cristãos já na Europa as distantes ilhas britânicas revelaram em seu interior lugares ideais para tanto realizar um retiro espiritual bem solitário, seja formar comunidades isoladas quanto também realizar um trabalho missionário de vanguarda entre povos que nem ao menos tinham ouvido falar de Jesus Cristo . ( como era o caso de certas tribos de pictos ou gaélicos )

Ocorre que com tempo ficou flagrante que muito mais que o mero distanciamento geográfico com Roma havia nestas comunidades de organização monástica a adoção de costumes bem diferentes daqueles praticados por cristãos romanos e mesmo ocorria a defesa de uma doutrina não muito coincidente com a elaborada como corrente de pensamento pelo alto-clero da Igreja Católica.

Sem margem de exagero tal situação apontava para uma direção de rompimento inevitável e criação de um racha no seio da cristandade européia entre a Igreja Celta e a Igreja Romana tal como só ocorreria com o Cisma Oriente-Ocidente no século IX e o surgimento do Protestantismo no século XV , porém, houve a tempo uma reação bem orquestrada promovida pela alta cúpula do clero romano no sentido de buscar meios de firmar a autoridade papal mesmo naquelas localidades tão distantes ao lado de um laborioso esforço de dar combate a qualquer heresia que se colocasse sobre a ortodoxia do pensamento dominante a respeito dos ensinamentos de Jesus Cristo que Roma buscava estabelecer.

Não fosse tal ação é bem provável que ascensão romana por via do catolicismo na cristandade teria ficado restrita a certas regiões contíguas do Mediterrâneo localizadas justamente nas cercanias de Roma, com o Norte e Centro da Europa entregue a influencia majoritária do emergente ´´cristianismo celta´´ ( talvez solapando o surgimento do Protestantismo mais adiante ) com a ´´ Igreja Celta´´ também se desenvolvendo de maneira autônoma do Papado tal como ocorreu no Oriente com o credo ortodoxo.

Especulações à parte depois de um tempo de conflito entre a antiga Igreja Céltica e o Papado ao final com a realização do Sinodo de Whitby em 644 ficou consolidada a fé católica romana, muito embora em alguns pontos da Irlanda e Escócia por muito tempo após esta data certos mosteiros ainda mantiveram certas diferenças de pé no tocante a maneira de conduzir sua administração e outras pequenas coisas que não se mostravam diferenças relevantes à luz da doutrina.

Ao final estes monastérios na Irlanda, nascidos originalmente numa ânsia espiritual de uns poucos abnegados que chegavam as ilhas britânicas mais preocupados acima de tudo com questões d´alma e em fazer caridade do que voltados para fazer políticagem rasteira com questões de fé religiosa, serviram como grandes bibliotecas que preservaram os clássicos greco-romanos para que fossem ´´resgatados´´ depois da Idade das Trevas e assim conferindo meios de um ´´renascimento´´ cultural na Europa séculos depois.