A cristianização da Escócia e Irlanda
As províncias rebeldes do império
a Escócia e Irlanda o cristianismo chegou de maneira tardia face a Bretanha e o processo de cristianização se operou de uma forma bem particularizada já que se os romanos foram instrumentos mesmo que involuntário para chegada da religião nas terras dos bretões-celtas enquanto para além dali não aconteceu o mesmo em razão do fato das possessões romanas nas ilhas britânicas ficarem restritas geograficamente ao sul e o centro ( Inglaterra e País de Gales ) a que designavam como ´´Bretanha´´ , enquanto ao norte e oeste ficavam as ´províncias rebeldes ´ de ´Caledônia´ e ´Hibérnia´ ( Escócia e Irlanda )
Apesar de nomeadas como suas províncias nunca o Império Romano logrou estabelecer um domínio pleno seja na Escócia ou na Irlanda, acabando por transformarem numa espécie de refúgio dos celtas as perseguições romanas na Bretanha que se bem nasceram por motivações políticas para firmar a autoridade imperial na região com tempo depois assumiram conotações religiosas quando o cristianismo ( ou melhor a vertente cristã-romana : o catolicismo ) passou a vislumbrar os druidas como inimigos da emergente Igreja Católica enquanto esta buscava ascender em destaque em Roma.
Assim , tudo indicava como resultado provável de que a Escócia e Irlanda em seu isolamento geográfico peculiar e franca hostilidade para com estrangeiros terminasse a longo prazo como civilização figurando como ´ um mundo à parte´ na Europa tanto fora da influência do Império Romano quanto também imune a Igreja Católica que atuavam juntos gerando na época uma verdadeira revolução nos valores e costumes entre os povos europeus.
Não que a Bretanha mesmo como província romana estivesse tão longe assim da realidade de ´´distanciamento´´ da Escócia e Irlanda, só que este isolamento se deu bem mais tarde quando o Império Romano deixa para atrás as ilhas britânicas enquanto para escoceses e irlandeses este processo já deu seus primeiros passos quando o primeiro romano botou seu pés naquele pequeno arquipélago, ou seja , alguma coisa em termos de influência foi legada culturalmente aos bretões de uma maneira como nunca chegou a ser feita entre escoceses e irlandeses.
Surpreendente é verificar que toda uma tendência histórica diria até lógica de causualidade nos eventos foi burlada graças a intervenção pontual e bem planejada de um trabalho missionário promovido pelo papado em prol da Igreja Católica nas ilhas britânicas que em primeiro plano rendeu um combate a um certo ´desvio´ de doutrina nas igrejas da Bretanha e longo prazo surtiu em efeito em conversões até massa de escoceses e irlandeses ao cristianismo.
Neste sentido, o processo de cristianização teve como seus principais expoentes situados na figura principalmente de São Patrício pela Irlanda e São Columbano pela Escócia, sagrados justamente na condição de santos pela Igreja Católica num reconhecimento direto dos esforços missionários por eles promovidos.
Ocorre que este cristianismo levado por eles não é inteiramente ´´romanizado´´, o que faz gerar a criação do que chamam de um ´´cristianismo céltico´´ que depois é fonte de dor de cabeça para Igreja Católica.
Apesar de nomeadas como suas províncias nunca o Império Romano logrou estabelecer um domínio pleno seja na Escócia ou na Irlanda, acabando por transformarem numa espécie de refúgio dos celtas as perseguições romanas na Bretanha que se bem nasceram por motivações políticas para firmar a autoridade imperial na região com tempo depois assumiram conotações religiosas quando o cristianismo ( ou melhor a vertente cristã-romana : o catolicismo ) passou a vislumbrar os druidas como inimigos da emergente Igreja Católica enquanto esta buscava ascender em destaque em Roma.
Assim , tudo indicava como resultado provável de que a Escócia e Irlanda em seu isolamento geográfico peculiar e franca hostilidade para com estrangeiros terminasse a longo prazo como civilização figurando como ´ um mundo à parte´ na Europa tanto fora da influência do Império Romano quanto também imune a Igreja Católica que atuavam juntos gerando na época uma verdadeira revolução nos valores e costumes entre os povos europeus.
Não que a Bretanha mesmo como província romana estivesse tão longe assim da realidade de ´´distanciamento´´ da Escócia e Irlanda, só que este isolamento se deu bem mais tarde quando o Império Romano deixa para atrás as ilhas britânicas enquanto para escoceses e irlandeses este processo já deu seus primeiros passos quando o primeiro romano botou seu pés naquele pequeno arquipélago, ou seja , alguma coisa em termos de influência foi legada culturalmente aos bretões de uma maneira como nunca chegou a ser feita entre escoceses e irlandeses.
Surpreendente é verificar que toda uma tendência histórica diria até lógica de causualidade nos eventos foi burlada graças a intervenção pontual e bem planejada de um trabalho missionário promovido pelo papado em prol da Igreja Católica nas ilhas britânicas que em primeiro plano rendeu um combate a um certo ´desvio´ de doutrina nas igrejas da Bretanha e longo prazo surtiu em efeito em conversões até massa de escoceses e irlandeses ao cristianismo.
Neste sentido, o processo de cristianização teve como seus principais expoentes situados na figura principalmente de São Patrício pela Irlanda e São Columbano pela Escócia, sagrados justamente na condição de santos pela Igreja Católica num reconhecimento direto dos esforços missionários por eles promovidos.
Ocorre que este cristianismo levado por eles não é inteiramente ´´romanizado´´, o que faz gerar a criação do que chamam de um ´´cristianismo céltico´´ que depois é fonte de dor de cabeça para Igreja Católica.
São Patrício
Patrício nasce celta-bretão na condição de filho um diácono e neto de um padre numa modesta vila de onde saiu seqüestrado por piratas para ser vendido como escravo , condição que manteve por quase uma década até conseguir fugir para ter uma vivência em claustro e meditação no mosteiro de Ésir na Gália (atual França) voltado exclusivamente ao estudo das Escrituras e uma vida regada na oração.
Poderia Patrício permanecer um recluso e lá ter uma vida relativamente confortável até o fim dos seus dias no monasterio , só que em certo momento decide voltar justamente para Irlanda, terra de tão terriveis lembranças, com a firme convicção de seu dever de evangelizar os irlandeses.
Assim, por por volta de 461 chega na Irlanda e parte na sua árdua missão de missionário sem ter ninguém ao seu lado salvo suas crenças e a firme convicção de que aquele povo tem que entrar em contato com o cristianismo e abandonar seus antigos valores.
Revelando um hábil diplomata, um sagaz político e talvez um grande mágico, realiza proezas memoráveis que terminam gerando a admiração e respeito de cada vez mais pessoas que convencidas terminam optando pela conversão.
Como prova de seu sucesso em trinta anos teria segundo a Igreja Católica Apostólica Romana "fundado 365 igrejas, sagrado o mesmo número de bispos e ordenado 3000 presbíteros" ao ponto da Irlanda ficar conhecida como ´´ "Ilha dos Mosteiros" ou ainda de ´´Ilha dos Santos ´´ .
Ocorre que Patrício seguia ritos, um calendário liturgico e uma doutrina que pouco tinha haver com o defendido pelo clero católico . Nesta linha vemos que ele entre outras coisas realizava batismos apenas de crentes confessos adultos e por meio de imersão , declara a rejeição ao dogma da transubstanciação durante a Eucaristia , não ministra a extrema unção a doentes e moribundos, nunca realizou a confissão e a absolvição sacerdotal e jamais instruiu seus convertidos a prestar homenagens a Maria .
Por seu lado as igrejas fundadas por Patrício na Irlanda fogem totalmente do que a concepção católica estipula em termos de hierarquia , a citar o exemplo que ´´bispo´´ não figurava como um chefe sobre várias igrejas em diferentes paróquias e sim como simplesmente como o pastor de uma congregação.
Estes são apenas uns parcos exemplos, mas fato era que as coisas se encaminhavam para um cisão entre as Igrejas da Irlanda e seu clero face a Igreja Católica Apostólica Romana e o Papa, o que foi contornado com muita concessão mútua a partir do Sínodo de Whitby ( em 664 ).
Patrício nasce celta-bretão na condição de filho um diácono e neto de um padre numa modesta vila de onde saiu seqüestrado por piratas para ser vendido como escravo , condição que manteve por quase uma década até conseguir fugir para ter uma vivência em claustro e meditação no mosteiro de Ésir na Gália (atual França) voltado exclusivamente ao estudo das Escrituras e uma vida regada na oração.
Poderia Patrício permanecer um recluso e lá ter uma vida relativamente confortável até o fim dos seus dias no monasterio , só que em certo momento decide voltar justamente para Irlanda, terra de tão terriveis lembranças, com a firme convicção de seu dever de evangelizar os irlandeses.
Assim, por por volta de 461 chega na Irlanda e parte na sua árdua missão de missionário sem ter ninguém ao seu lado salvo suas crenças e a firme convicção de que aquele povo tem que entrar em contato com o cristianismo e abandonar seus antigos valores.
Revelando um hábil diplomata, um sagaz político e talvez um grande mágico, realiza proezas memoráveis que terminam gerando a admiração e respeito de cada vez mais pessoas que convencidas terminam optando pela conversão.
Como prova de seu sucesso em trinta anos teria segundo a Igreja Católica Apostólica Romana "fundado 365 igrejas, sagrado o mesmo número de bispos e ordenado 3000 presbíteros" ao ponto da Irlanda ficar conhecida como ´´ "Ilha dos Mosteiros" ou ainda de ´´Ilha dos Santos ´´ .
Ocorre que Patrício seguia ritos, um calendário liturgico e uma doutrina que pouco tinha haver com o defendido pelo clero católico . Nesta linha vemos que ele entre outras coisas realizava batismos apenas de crentes confessos adultos e por meio de imersão , declara a rejeição ao dogma da transubstanciação durante a Eucaristia , não ministra a extrema unção a doentes e moribundos, nunca realizou a confissão e a absolvição sacerdotal e jamais instruiu seus convertidos a prestar homenagens a Maria .
Por seu lado as igrejas fundadas por Patrício na Irlanda fogem totalmente do que a concepção católica estipula em termos de hierarquia , a citar o exemplo que ´´bispo´´ não figurava como um chefe sobre várias igrejas em diferentes paróquias e sim como simplesmente como o pastor de uma congregação.
Estes são apenas uns parcos exemplos, mas fato era que as coisas se encaminhavam para um cisão entre as Igrejas da Irlanda e seu clero face a Igreja Católica Apostólica Romana e o Papa, o que foi contornado com muita concessão mútua a partir do Sínodo de Whitby ( em 664 ).
São Columba
Oriundo da Irlanda , agora fortemente cristianizada pelas mãos de São Patrício, Columba desde cedo teve interesse despertado pela religião e vocação para o sacerdócio pelo qual optou em detrimento de ter uma vida de ócio e cheia de luxo tal como poderia desfrutar sem maior dificuldade já que era membro da família real irlandesa.
Agora as surpresas não param por aí na sua biografia, posto que Columba opta não por ocupar um alto cargo no clero da Irlanda ao sabor da influência política de sua família mas sim deseja ir para Escócia, território que está logo ali praticamente do lado da Irlanda, onde justamente todo missionário era barbaramente morto sem dó ou piedade !!
Mesmo sem conseguir apoio financeiro da família no ano de 563 toma a iniciativa de partir num modesto barco ao lado de 12 companheiros em direção da ilha de Iona ( ou Icolnkill ) nas proximidades do litoral da Escócia com os quais forma um corpo religioso monástico do qual assume líderança na condição de abade e seus seguidores assumem o nome de culdees. ( derivado do latim cultores Dei / adoradores de Deus )
Os culdees prestavam voto apenas de obediência, ficando livres de além disto serem compulsariamente celibatários e pobres como exigiam as outras ordens monásticas. De outra maneira significa que tinham os monges de trabalhar e muito para tanto manter em pé o monastério de Iona quanto assegurar o próprio sustento e da sua família.
Aliás, as familias dos culdees com tempo ficam tão numerosas que são forçados a abandonar o mosteiro para partir no sentido de colonizar uma pequena ilhota nas cercanias de Iona a que passam chamar de Eilen nam ban / Ilha das Mulheres onde residiam os monges com suas esposas e filhos quando não estavam envoltos nos trabalhos internos da ordem.
Com o tempo os monges vencem também a resistência oposta inicialmente logo na chegada de São Columba na ilha, já que atuam dando ajuda aos doentes, comida aos famintos , educação as crianças e etc. e ao final contam de tamanho prestigio que são chamados para atuarem como ´´juizes´´ em disputas entre tribos e mesmo ungindo o rei dos escoceses ( Rei Aidan ) que convertido termina por ceder a ilha ao mosteiro e garantindo apoio militar e financeiro as suas atividades missionárias para além dos estreitos limites daquela ilhota.
Ocorre que aquele não como negar que houve uma mescla entre as tradições druídicas e ensinamentos cristãos não muito romanizados, notadamente o forte personalismo da presença de São Columba na condução dos trabalhos missionário faz pensar que talvez fosse melhor falar de um ´´columbismo´´ do que propriamente um catolicismo como sendo fator de conversão no plano ideológico , mesmo porquê a figura do Papa como autoridade no máximo era só tacitamente invocada enquanto Columba fazia ali presente de carne e osso para resolver qualquer problema.
Muito provavelmente este ´´columbismo´´ serviu muito tempo depois como semente para o surgimento do presbiterianismo como Igreja oficial da Escócia, já que a estrutura de organização dos culdees não figura tão diferente assim do visto numa igreja presbiteriana.
Seja como for não houve no caso da Escócia a realização de um Sínodo como tábua salvadora que colocassem um ponto final nas divergências, sendo os culdees considerados heréticos e seu monastério em Iona destruído. Apenas se salvando a figura de São Columba talvez por injunções políticas feitas tanto por parte da Coroa Irlandesa quanto a Coroa Escocesa sobre a Igreja Católica.
3 Comments:
Nossa, muito bom o seu texto; vai me ajudar muito com os estudos que tenho feito ultimamente, principalmente em relação ao Livro de Kells. Espero que continue com o blog, voltarei com certeza para ver outros trabalhos. Só gostaria de fazer uma pergunta, você possui alguma fonte "geral" sobre esses assuntos, principalmente com relação à cultura celta?
Jack :
Eu tenho um livro que é daqueles que você guarda de coração, mas que não é nenhum primor técnico e mesmo está defasado em certas alguns dados :
´´Mitos e Lendas Celtas´´ - Charles Squire / Editora Nova Era
O grande problema é você depurar o que é meramente defasado do que é digamos obra de pura ficção ( muito as vezes assinado como sendo obra esotérica )
De resto os celtas formavam cultura agráfara, o que quer dizer que em termos documentais só temos a visão de terceiros sobre os costumes celtas. Para preencher lacunas surge a Arqueologia, mas ela não soluciona tudo é claro mas dá suas pistas.
O blog tá meio desatualizado em novos posts eu bem sei, mas estou fazendo o possível pra sempre manter o nível e isto por vezes demanda tempo para deixar um artigo pronto.
Mas convido pra frequentar a comunidade no Orkut
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=9441806
Eu particularmente estou curioso sobre seus estudos em relação ao Livro de Kells.
De onde vc extraiu a informação de que os culdees nao juravam obediência ou castidade? O modelo é aplicado por igrejas presbiterianas norte-americanas em propriedades missionárias na América Latina, onde agricultura, evangelização e contava com famílias de missionários.
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