Canal Celta: 11/2006

25.11.06

Um poema para Cruaich



or volta do século XII no Livro de Leinster foi registrado um pequeno ode poético a figura de Cenn Cruaich , ali designado como Cromm Cruaich, onde é bem explicitado como era não só o culto desta divindade bem como também a maneira opressiva que recaia sobre os gaélicos tais crenças até eles serem libertados desta ´´influência diabólica´´ por obra e graça do ´´bom São Patrício´´ que lá chegou para leva-los até o ´´ verdadeiro´´ Deus e abriu caminho para a ´´verdadeira´´ religião se difundir. Em suma há de algo de peça propagandistica em favor do cristianismo nas entrelinhas , mas de toda maneira não deixa de ser interessante de ler.

Aqui existiu
Um ídolo com muitos combates,
Que recebeu o nome de Cromm Cruaich;
Isso deixava cada tribo sem paz.

T era um demônio triste !
Os bravos gaélicos costumavam adorá-lo
Daí não lhes seria pedido tributo
Para ser satisfeito como a sua porção no duro mundo.

Ele era o seu deus,
O murcho Cromm com muitas névoas,
O povo a quem ele fez tremer cada exército
O reino eterno que eles não terão.

Para ele sem glória
Eles matariam sua lastimável e infeliz prole,
Com muita lamentação e risco,
Para derramar o sangue dela em volta de Cromm Cruaich.

Leite e milho
Iriam pedir dele rapidamente
Em troca de um terço de sua prole saudável:
Grande era o horror e medo que ele inspirava.

Para ele
Os nobres gaélicos se prostrariam
A partir da adoração dele, com muito morticínio,
A planície é chamada ´ Mag Slecht´.

Eles fizeram o mal.
Eles bateram suas palmas, socaram seus corpos,
Gemendo para o demônio que os escravizava,
Eles derramaram rios de lágrimas.

Em torno de Cromm Cruaich
Os próprios exércitos se prostrariam;
Embora ele os pusesse sob desgraça mortal,
O nome deles apega-se à planície nobre.

Em sua fileiras ( de pé )
Quatro vezes três ídolos de pedra;
Para amargamente lograr os exércitos,
A figura de Cromm era feita de ouro.

Desde o reinado
De Herimon , o nobre da graça,
Havia adoração de pedras
Até a chegada do bom São Patrício.

Uma marreta para o Cromm
Ele aplicou da cabeça aos pés,
Ele destruiu sem falta de coragem
O frágil ídolo que lá estava


Notas:

- ´Demônio T ´ para alguns autores corresponde uma menção sibilina a ´Typhon´que é uma divindade grega
- ´Magh Slécht´ pode ser traduzido como ´planície da adoração ou abatimento ´
- ´Herimon´ figura como primeiro rei dos Milésios


Texto original do poema extraído do livro ´´ Mitos e Lendas Celtas ´´ de Charles Squire publicado pela Editora Nova Era no ano de 2003 em tradução feita do inglês para o português por Gilson B. Soares .

19.11.06

A Sétima Praga da Irlanda


A origem do mito da ´´Sétima Praga Irlandesa´´ :

Quando monges chegaram a Irlanda, algo por volta do século IV e V d.C, para iniciar seus trabalhos missionários deram de encontro com os ´´Masraige ´´, uma tribo que desde longa data vivia na região que hoje corresponde ao Condado de Cavan na Província de Ulster, tendo contato por eles com uma antiga lenda que dava conta de uma série de eventos catastróficos que teria atingido aquela ilha muitos séculos atrás e dos quais só eles teriam sobrevivido.

Falavam os Masraige de uma doença misteriosa que sem maiores avisos teria transformado o mar e a maior parte das nascentes em um lamaçal fétido em tons avermelhados, tornando todo alimento venenoso, matando toda a criação e levando para o Além quase toda a população. Por semelhança aos eventos bíblicos a respeito do êxodo judaico do cativeiro egípcio, os monges passaram a chamar esta peste de ´´ A Sétima Praga da Irlanda´´ numa alusão ao sétimo malefício enviado por Deus sobre os súditos do Faraó que fez ´´a água mudada em sangue´´ .

Agora se bem nos relatos bíblicos a série de eventos funestos que assolaram o Antigo Egito só tiveram seu fim com a saída dos judeus de seu cativeiro egpcio na ´´versão irlandesa ´´ os Masraige diziam que tiveram de invocar a proteção de um antigo deus de seus ancestrais há muito esquecido e renegado, este era Cenn Cruaich / O Senhor do Outeiro que por alguma razão era chamado pelos monges pela alcunha de ´´Crom-Cruaich / O Encurvado do Outeiro´´ assim ficado registrado para gerações futuras.

Diga-se pelo bem da verdade que Crom-Cruaich descrito pelos monges assumia mais ares infernais do que propriamente de uma divindade, mesmo narram uma historinha onde São Patricio ´´exorcisando´´ o ídolo de pedra que representava Cruaich e conseguindo retirar do seu interior o demônio que ali habitava terminou a estátua desabando em pedaços no chão fazendo supostamente prova assim do poder superior de Deus sobre antigos deuses pagãos.

Os Masraige

De toda maneira apesar da ´´Sétima Praga da Irlanda´´ dizer a respeito dos Milésios e seu fim o fato é que os Masraige, os supostos sobreviventes desta desgraça toda, não situam-se como descendentes deste Povo, mas sim de um outro não menos mítico : os Fir Bolgs

No caso contam as lendas que os Fir Bolgs, servis aliados dos Fomorianos, reinavam soberanos na ilha da Irlanda até que um belo dia foram vencidos e destituidos de maior parte de sua posses pelos Tuatha Dé Dannan, ficando restritos a morar em Connaught - região relativamente próxima a Cavan/ Ulster onde são originários a tribo Masraige. ( assim designado por conta de dizerem aos missionários que eram nativos de´´ Magh Slécht´´)

Posteriormente os Tuatha Dé Dannan foram vencidos pelos Milésios e seja como for ao que tudo indica os remanescentes dos Fir Bolgs continuaram a desfrutar do mesmo acordo antes selado com os dananianos agora prestando vassalagem aos milésios e ironicamente sobreviveram a queda também da civilização milésiana tal como tinha conseguido fazer a seu tempo com os dananianos e mesmo até prosperar a queda dos seus mais antigo senhores - Os Fomorianos.

A Realidade por detrás do mito

Alguns levantam a hipotese que ´´ A Sétima Praga da Irlanda ´´ tenha sido resultado do que é hoje conhecido como ´´ Maré Vermelha´´ em que a proliferação desenfreada de microalgas nocivas ( Harmful Algal Blooms ou HABs em inglês ) geram como sub-produto um grupo de bio-toxinas bem nocivas a seres humanos e seres vivos em geral através do consumo ou mesmo pelo mero contato de água contaminada ( afetando indiretamente assim a agricultura, a prática de pesca, a criação de animais e etc. ) que sintomaticamente tem alterada a sua coloração para tons avermelhados.

Levando ainda em conta que as lendas narram que durante os ´´cem anos´´ de reinado de Tigernmas alcançadas algumas conquistas tecnologicas de peso tais como pela primeira vez conseguirem manufaturar ornamentos de ouro e a prata , obter o tingimento das roupas, irrigação de suas áreas de plantio e etc. , não é de todo insensato imaginar um cenário fundo de desiquilibrio ambiental e mesmo até sinais de poluição das nascentes por metais pesado ( o estanho, por exemplo, era usado para dar coloração as vestes ) que a longo prazo geraria um quadro propicio para uma maré vermelha ou algo pior.

Particularmente julgo revelador que as lendas falem que no reinado de Tigernmas irromperam de debaixo da terra mais nove lagos e três rios novos além de´´criadas ´´novas planicies bem como também a área territorial do Reino de Erin de maneira geral tenha sido ampliada, isto é, as datas batem com o periodo de degladiação onde justamente lentamente os mares recuaram, o regime de chuvas se alterou e de forma genérica o clima passou por fortes mudanças. De outra maneira significa dizer que mudanças radicais no ecossistema estavam em operação no periodo, sendo fácil que aqui e acolá uma nova forma de microorganismo surgisse e botasse a cabo toda uma população sem dar maiores avisos.

Em retrospecto vemos que é recorrente o tema de uma peste vindo para devastar um reino na mitologia gaélica-celta, isto é, tal coisa aconteceu com os Parthalon e os Nemed antes de vir a suceder com os Milésios. Poderia se pensar que é um evento mais ou menos cíclico da ocorrencia de uma doença atingindo aquela região ou se muito a descrição de todos remetem a um fato bem mais antigo que posteriormente incorporaram com sendo parte de ´´sua´´ história como Povo.

Seja como for os ´´Masraige´´ como prováveis descendentes dos Fir Bolgs teriam melhor resistência biológica a este ´´peste´´ do que os Milésios na medida que seus ancestrais teriam já passado por este mal e deixado como marca do DNA da sua prole condições para sairem vivos deste situação.

12.11.06

Cenn Cruaich


enn Cruaich/ Senhor do Outeiro ( ou bem Senhor da Colina ) situava como o ídolo-rei e divindade maior das mais antigas e primitivas no panteão céltico-gaélico, figurando com um deus da fertilidade cujo o culto era celebrado como ponto alto nos rituais de Samhain onde eram ofertados em sacrifícios sangrentos os primogênitos de cada prole e os principais herdeiros de cada clã da Irlanda em altares rudimentares construídos aos pés de uma pequena colina artificialmente criada situada na região de ´´Magh Slécht´´ ( que pode ser traduzido como ´´planície da adoração ou abatimento ´´ ) cujo o cume era erigido um grande monumento megálito cercado por outros doze ídolos de pedra de estatura menor ( representando respectivamente Cruaich e as principais famílias irlandesas )

A adoração do Crenn Cruach segundo consta foi introduzida pelos Milésios na Irlanda na regência do mítico Rei Tigernmas depois que uma grande epidemia assolou o ´´Reino de Erin´´ ( Irlanda ) matando o monarca e mais de quatro mil pessoas entre seus súditos, tornando estéreis os campos para o cultivo por mais de uma geração , dando cabo em quase toda a criação animais da região e tornando água não potável para o consumo e rubra como sangue. Tudo por conta de uma praga altamente virulenta que ficou conhecida posteriormente com a chegada lá na Irlanda de missionários cristãos como ´´ A Sétima Praga da Irlanda´´ numa clara alusão ao evento bíblico da ´´ Sétima Praga do Egito´´ .

Os registro dão conta que apenas uma minguada parcela do reino sobreviveram, algo em torno de não mais que 1500 pessoas na mais otimistas das previsões, sendo que todos ainda muito doentes, famintos e evidentemente desesperados com o que lhe reservava o futuro com mais nova ´´surpresa´´tendo aquele cenário de desolação e morte que os cercava.

Aliás, no caso a região de ´´ Magh Slécht´´ foi centro irradiador da adoração a Cruaich pelo fato que teriam sido eles os mirrados sobreviventes daquela catástrofe, situado atualmente ao nordeste da República da Irlanda no Condado de Cavan na Província de Ulster, figurando a tribo dos descendentes desta tragédia ( os Masraige ) a fonte principal de informação pelos os quais depois os missionários cristãos entraram em contato com o culto desta divindade e estes últimos posteriormente fizeram isto chegar até nós nos dias atuais. ( claro de forma deturpada, fazendo dele um demonio )

Deste contexto, surge Cenn Cruach , uma divindade que no culto teria sido levada pelo guerreiro Fionn ma Cumhaill que com meio-fomoriano ( segundo a maioria das genealogias era bisneto de Balor ) teria tido contato com a ´´fama´´deste sangrento deus e veio como solução ´lógica´´ que este fosse invocado em seus poderes para os Milésios nesta época tão dificil e trazer de volta a Idade de Ouro do seu falecido monarca.

Claro havia seu preço que era convertido em sangue dos primogênitos de cada lar do Reino de Erin, tal como ao seu tempo fizeram de maneira inversa os Nemed em forma de tributo aos Fomorianos quando no lugar de sacrificar só seus primogênitos no Samhain era a eles permitido só nesta época haver nascimentos entre seu Povo e no resto do ano toda a prole era morta.

Naturalmente com o tempo tudo voltou aos seus eixos como iria de toda maneira acontecer , só que a tradição de sacrificios em honra a Cruaich sendo mantida em nome do receio da fúria desta divindade recaisse em novas gerações de milésios.

Agora, imaginem como seria o ´´cenário ´´com as casas todas as escuras com o parshell protetor em cada porta, as fogueiras acessas no alto de cada colina e de uma delas em destaque lá no alto estava a imagem pétrea de Cenn Cruaich à espera silencioso por seu tributo em sangue como todo ano se fazia presente por gerações infindáveis !

Tudo isto feito sob o não menos sombrio clima dos festejos de Samhain com apreensão aumentada em grau por conta da chegada da estação invernal e com ela todos os problemas decorrentes em prol da luta pela sobrevivência até vir a salvadora Primavera!

5.11.06

Vida e Morte Celta


s celtas viviam em uma sociedade eminentemente agrícola e como tal normalmente não era capaz de gerar grandes excedentes na produção ao ponto desta servir de base para o desenvolvimento de práticas comerciais mais intensivas. Contudo, mesmo de forma incipiente o comércio era lastreado em transações envolvendo artesanato, frutos e raízes coletadas na floresta, pescaria, caça, ´´importação´´ de bens de outras localidades mais distantes trazidas por viajantes bem como a contratação de serviços envolvendo desde do uso de mão de obra braçal até o exercício de ofícios especializados. ( marceneiro, ferreiro e etc ). De resto o escambo era parte do cotidiano.

Ao mesmo tempo havia a necessidade de possuir amplos domínios territoriais bem localizados em relação a fontes de recursos naturais ( notadamente água potável ) ou diversamente a solução era apelar para migrar de uma região geográfica para outra segundo o esgotamento do solo para o plantio, seca de poços, por não suportar as intempéries do clima no local e coisas do gênero que representavam um obstáculo intransponível a ser superado sem por em risco a sobrevivência de toda uma comunidade.

Aliás , nesta busca pela sobrevivência os celtas acabaram formando comunidades por todo continente europeu e mesmo há sinais arqueológicos não conclusivos de terem ido mais além, arriscado atravessar o oceano Atlântico em direção das Américas muito antes de Cristovâo Colombo, fixado colônias no Oriente Médio e Ásia antes do tempo do aventureiro Marco Polo ousar fazer suas longas viagens. O que faz ser particularmente difícil definir de antemão se os celtas são um povo nômade ou bem sedentário, pois tanto há sinais de povoados fixos como indícios de grandes ondas migratórias.

Contudo, é fácil constatar que era uma civilização frágil e sob o risco do colapso a todo tempo por virtude de quebra de safra, catástrofes naturais, alterações bruscas no clima, epidemias e etc que viessem comprometer substancialmente o estoque de comida a disposição por um longo prazo em que nem o deslocamento da população para terras mais ricas era possível.

A opção pelo saque restava como alternativa derradeira para permitir a sobrevivência de uma comunidade em crise ou mesmo vinha como fórmula de fazer frente a escassez perene que viviam, isto é, se partia sem a menor cerimônia para pegar à força o que se precisava de outros povoados. Claro que muitas vezes isto gerava um efeito domino de um atacando ao outro, reduzindo a todos no final a mais abjeta miséria como resultado.

Observe que os sobreviventes entre os celtas em todo este processo perverso de ´´seleção natural´´ auto-induzida eram os mais fortes entre todos em vários sentidos, seja pela sua força e ferocidade no combate, resistência a fome e doença tanto quanto capacidade de não enlouquecer ao encarar o cenário de inteira desolação e sofrimento atroz do cotidiano .

De toda forma todo celta para sobreviver devia estar apto tanto ao trabalho no campo quanto disposto a pegar em armas, sendo que para muitos a vida de guerreiro acabava virando um meio de vida já que qualquer coisa poderia ser possuída pelo uso puro e simples da força bruta ou sendo habilidoso no manejo da espada e no uso do arco e flecha.

Alguns seguindo o caminho da guerra acabavam virando meros salteadores, outros mercenários que lutavam para quem pagasse o melhor premio ou cerravam fileiras fazendo parte de um exército regularmente constituído aqui e acolá sob controle de grandes proprietários de terra em troca de comida, abrigo e certo prestigio local.

A época dos celtas era assim um tempo de longas batalhas pela conquista de território e guerras de pilhagem, onde os vitoriosos ficavam com tudo enquanto reduzia os demais a total miséria e a um regime de terror para manter a autoridade sobre os novos domínios e a riqueza possuída pelo saque.

Agora, não é este comportamento de violência e barbárie exclusivo dos celtas, sendo um legado que todos os povos no planeta compartilham em comum na sua história. Ouso afirmar até que o ato mais cruel do pior facínora que viva nos grandes centros urbanos da atualidade não se compara ao clima de puro horror do passado mais remoto. Tampouco, nem o mais humilde entre todos nascido na época contemporânea figura tão miserável em sua condição de vida quanto representava tal situação de penúria em uma sociedade ancestral como a dos celtas.

Entretanto, antes que julgamentos morais mais desabonadores sejam realizados sobre os celtas é preciso ter em conta que é graças aos luxos da vida moderna que podemos sair em defesa de coisas como direitos humanos, sermos pacifistas, civilizados, politicamente corretos e corteses. Ocorre que sem este apoio salutar da tecnologia e tendo que enfrentar de maneira rotineira um ambiente francamente hostil a existência humana , onde cada dia é um desafio mortal a ser enfrentado, não há menor margem para haver disposição de ficar enfrentando dilemas de consciência e nem tempo de elaborar altas elucubrações metafísicas sobre o mundo.

Neste contexto, ao tempo dos celtas era questão de matar ou morrer bem como escapar do perigo ou ficar para enfrenta-lo sob risco da própria vida. Pensem na envergadura do significado de tudo isto e imaginem por um segundo que seja como seria para você viver naquela época. É bem verdade que como celta está sem maiores restrições para realizar o que deseja além daquelas impostas por suas próprias limitações físicas de força e dar combate ao inimigo, assim o mundo e o que nele existe é todo seu se tiver poder para tanto. Agora do outro lado haverão pessoas também dispostas de tirar tudo que é seu, privar de sua liberdade ou mesmo matá-lo. - O que seria capaz de fazer em nome de sua sobrevivência e entes queridos ou até de realizar desejos inconfessáveis?

Diante do testemunho de combatividade e persistência celta dá até para refletir se é algo tão grave assim o vivido no Mundo Moderno como angústia, ansiedade e tudo mais que acossa o dia-a-dia de qualquer cidadão no planeta como sendo um ´´grande problema´´ existencial . Aliás será que o julgado pelo dias de hoje como ´´sofrimento´´, ´´crueldade´´, ´´violência´´ e ´´desgraça´´ tenha sido concedido o justo título de nomeação tendo em vista o que viviam povos como os celtas ?